domingo, 9 de setembro de 2012
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
O MUAY THAI NA TAILANDIA
Os rituais
Para o lutador Thai, o Muay Thai é ao mesmo tempo um modo de vida, uma profissão e um encontro espiritual. Este último expressa-se nos rituais que antecedem o combate, sendo que estes têm origens tão antigas quanto o povo Thai. A religião do povo tailandês vais mais além da devoção budista que se pode observar na prática quotidiana dos templos. Muito antes do budismo se instaurar nas terras de Siam, o povo Thai era "animista", ou seja acreditava na existência de espíritos presentes em toda a parte. O budismo a pouco e pouco foi ocupando o seu lugar de uma forma mais organizada mas sem eliminar por completo a crença anterior. Cada habitação, negócio ou campo de treinos na Tailândia tem a sua própria "casa dos espíritos", pequeno local de culto que se adorna todos os dias com grinaldas de jasmim fresco e com oferendas de comida e bebida.
Paralelamente, o povo Thai acredita nos amuletos da sorte e para o lutador Thai há dois dos quais este nunca se separa. O Mongkon (corôa) e o Kruang Ruang (bracelete). Não se sabe com precisão quando é que estes dois objectos sagrados se tornaram parte integrante do Muay Thai. A opinião geral é de que os mesmos foram introduzidos pelo Príncipe Negro, por volta do século XVI, como um elemento essencial dos rituais de combate.
O Mongkon (ou Mongkol)
O
Mongkon é a corôa usada pelos lutadores quando entram no ringue e
executam o Wai Kru e Ram Muay. Este é um objecto sagrado que foi
benzido, tradicionalmente, em sete mosteiros budistas, pertence ao
Mestre e ao campo de treino do lutador. Todos os lutadores de um campo
usam o mesmo Mongkon. Este é colocado na cabeça do lutador antes do
mesmo se deslocar para o ringue, precedido de uma breve oração, que se
acredita que protegerá o lutador de lesões graves e expulsará os
espíritos negativos. Por fim, é removido da cabeça do lutador quando
este termina o Wai Kru e o Ram Muay. A colocação e remoção do Mongkon é
feito, regra geral, pelo treinador do ginásio, pelo pai do lutador, ou
alguém bastante próximo do mesmo. O Mongkon é único para cada campo. No
passado era possível dizer de que parte da Tailândia era um lutador pela
forma com este usava o Mongkon. Se a parte de trás do mesmo estivesse
apontada para cima, significava que o mesmo era do norte da Tailândia.
Se a parte de trás estivesse apontada para baixo, então o lutador era do
sul da Tailândia. Adicionalmente, se a cauda do Mongkon estivesse
apenas apontada para trás, então o mesmo era da zona centro da
Tailândia. Além disso, tradicionalmente os lutadores não têm permissão
para tocar no Mongkon. No entanto, com o passar do tempo as tradições
vão-se perdendo e já é comum ver lutadores segurarem o Mongkon. Como
peça sagrada, e de acordo com as tradições budistas, o Mongkon é sempre
guardado acima da cabeça de todos na sua presença e nunca é suposto que o
mesmo toque o chão.
O Kruang Ruang (ou Prajiad)
O
Kruang Ruang (anel mágico), ao contrário do Mongkon, é pessoal. Este
amuleto sagrado é dado ao lutador antes de este iniciar a sua carreira
no campo de treino, durante o seu período de formação espiritual que
deve ocorrer por um período de aproximadamente 6 meses num mosteiro.
Durante a cerimónia final no mosteiro o amuleto é benzido pelos monges,
transformando-se num potente talismã. Obviamente alguns destes
formalismos foram-se perdendo ao longo do tempo, contudo outros ainda se
mantêm. O Kruang Ruang por vezes é feito à mão por um membro da família
do lutador com roupas da mesma, ou então com roupas sagradas de um
monge. Outras vezes, não passam de gaze amarrada à parte superior dos
braços do lutador. Sendo que este poderá usar o Kruang Ruang em apenas
um dos braços, significando que este é o seu braço mais forte. Contudo,
em alguns estádios o Kruang Ruang é obrigatório em ambos os braços, como
no estádio Lumpinee. Tal como acontece com o Mongkon, acredita-se que
este amuleto traz sorte e protege o lutador durante o combate.
O Phuang Malai
O
Phuang Malai é um arranjo de flores oferecido a um lutador como forma
de amuleto e desejo de boa sorte. Estas flores, normalmente Jasmim, são
"amarradas" umas às outras e formam uma espécie de cordão
suficientemente grande para que o lutador o possa usar à volta do seu
pescoço. Na tradição budista, as flores simbolizam a vida, a morte e a
volatilidade da existência. O Phuang Malai não é oriundo do Muay Thai,
tal como o Mongkon e o Kruang Ruang, este foi incorporado no desporto
por influência da cultura tailandesa.
A cerimónia
Protegido pelo Mongkon e pelo Kruang Ruang o lutador entra no ringue, passando sempre por cima das cordas para não quebrar a "aura" do campo de batalha. Existem duas danças, no Muay Thai tradicional, que os atletas executam antes da luta. O Wai Kru (oração dirigida ao treinador) e o Ram Muay (dança propriamente dita). Actualmente, é comum referirem-se a toda a dança como Wai Kru. De facto, quando estas são executadas graciosamente elas fluem de uma para a outra. No passado, os espectadores poderiam dizer qual a origem do lutador observando como é que estes executavam o Wai Kru e Ram Muay. Além disso, visto que os movimentos permitem que o lutador relaxe e liberte a tensão, estas danças servem para relaxar e preparar a mente dos lutadores para a luta.
O Wai Kru e o Ram Muay
O
Wai Kru é a primeira parte da dança, durante a qual o lutador irá
percorrer o ringue caminhando ao longo do perímetro das cordas, parando
em cada um dos cantos para rezar uma pequena oração. O acto de percorrer
o ringue tem como simbolismo "selar" o mesmo contra a entrada da má
sorte e proteger o lutador durante a sua luta. O lutador dirigir-se-á ao
centro do ringue e ajoaelhar-se-á voltado para o seu campo de treino.
Aos poucos une as suas luvas à frente da sua cara e começa a inclinar-se
enquanto reza pequenas orações budistas.
Fá-lo-á
por três vezes, prestando homenagem a três identidades situadas a
níveis diferentes. Honra Buda, Sanga (a ordem dos monges) e Dharma (os
ensinamentos de Buda). Ao mesmo tempo dá graças ao seu mestre, ao seu
campo e aos seus antepassados combatentes. A seguir ao Wai Kru, o
lutador começa a executar o Ram Muay, uma lenta série de movimentos
estilizados e executados ao ritmo da música que conduzem o lutador na
direcção das quatro cordas do ringue em busca de protecção. Esta série
de movimentos é própria de cada lutador, ou seja a dança de cada lutador
é diferente. Alguns lutadores incorporam movimentos que transmitem de
que parte da Tailândia eles são oriundos, outros simplesmente adicionam
movimentos pessoais. Em suma, o Ram Muay tornou-se num entertenimento
adicional para o espectador do Muay Thai.
A saudação
Durante
os rituais de que falamos acima, tanto o lutador como o seu Mestre
realizam uma saudação. Saudação esta, comum entre os praticantes da
religião budista. Com as mãos juntas à frente do rosto executa-se uma
pequena flexão para a frente com a cabeça e tronco. As mãos devem estar
posicionadas mais à frente quanto maior for a importância da pessoa que
se cumprimenta. Esta saudação realiza-se em todas as ocasiões de
encontro, pronunciando-se as palavras "sawadee krap". Sendo que esta
saudação tornou-se, para os praticantes de Muay Thai em todo o mundo, um
sinal de respeito.
A música
O
Muay Thai reveste-se de aspectos particulares, e uma dessas
paticulariedades é o facto dos lutadores realizarem as cerimónias antes
do combate, de que falamos acima, ao ritmo de uma melodia. Mais lenta
para o Ram Muay e Wai Khru, mais rápida para a luta. Esta música é
interpretada ao vivo por um grupo de quatro músicos, em que cada um toca
um instrumento particular.
• Pi Java (ou Pi Kaek), clarinete. Instrumento fundamental deste grupo.
• Klog Kaek, par de tambores.
• Shing, pequenos "pratos" em ferro ou latão.
• Kong, outro tipo de tambor originário do Sul da Tailândia.
Tal como referido atrás, a música tocada durante o Wai Khru é a melodia Sarama, lenta e melódica. Quando soa a campainha para o primeiro assalto, começa a música Chao Sen. Mais sincopada e tocada em crescente durante os 3 minutos do assalto até alcançar o seu apogeu no final do assalto. Incitando assim, de igual forma, os lutadores a acelerarem o ritmo da luta.
fonte: Knockout Spirit
Para o lutador Thai, o Muay Thai é ao mesmo tempo um modo de vida, uma profissão e um encontro espiritual. Este último expressa-se nos rituais que antecedem o combate, sendo que estes têm origens tão antigas quanto o povo Thai. A religião do povo tailandês vais mais além da devoção budista que se pode observar na prática quotidiana dos templos. Muito antes do budismo se instaurar nas terras de Siam, o povo Thai era "animista", ou seja acreditava na existência de espíritos presentes em toda a parte. O budismo a pouco e pouco foi ocupando o seu lugar de uma forma mais organizada mas sem eliminar por completo a crença anterior. Cada habitação, negócio ou campo de treinos na Tailândia tem a sua própria "casa dos espíritos", pequeno local de culto que se adorna todos os dias com grinaldas de jasmim fresco e com oferendas de comida e bebida.
Paralelamente, o povo Thai acredita nos amuletos da sorte e para o lutador Thai há dois dos quais este nunca se separa. O Mongkon (corôa) e o Kruang Ruang (bracelete). Não se sabe com precisão quando é que estes dois objectos sagrados se tornaram parte integrante do Muay Thai. A opinião geral é de que os mesmos foram introduzidos pelo Príncipe Negro, por volta do século XVI, como um elemento essencial dos rituais de combate.
O Mongkon (ou Mongkol)
O Kruang Ruang (ou Prajiad)
O Phuang Malai
A cerimónia
Protegido pelo Mongkon e pelo Kruang Ruang o lutador entra no ringue, passando sempre por cima das cordas para não quebrar a "aura" do campo de batalha. Existem duas danças, no Muay Thai tradicional, que os atletas executam antes da luta. O Wai Kru (oração dirigida ao treinador) e o Ram Muay (dança propriamente dita). Actualmente, é comum referirem-se a toda a dança como Wai Kru. De facto, quando estas são executadas graciosamente elas fluem de uma para a outra. No passado, os espectadores poderiam dizer qual a origem do lutador observando como é que estes executavam o Wai Kru e Ram Muay. Além disso, visto que os movimentos permitem que o lutador relaxe e liberte a tensão, estas danças servem para relaxar e preparar a mente dos lutadores para a luta.
O Wai Kru e o Ram Muay
A saudação
A música
• Pi Java (ou Pi Kaek), clarinete. Instrumento fundamental deste grupo.
• Klog Kaek, par de tambores.
• Shing, pequenos "pratos" em ferro ou latão.
• Kong, outro tipo de tambor originário do Sul da Tailândia.
Tal como referido atrás, a música tocada durante o Wai Khru é a melodia Sarama, lenta e melódica. Quando soa a campainha para o primeiro assalto, começa a música Chao Sen. Mais sincopada e tocada em crescente durante os 3 minutos do assalto até alcançar o seu apogeu no final do assalto. Incitando assim, de igual forma, os lutadores a acelerarem o ritmo da luta.
fonte: Knockout Spirit
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